sábado, 8 de agosto de 2015

Terapêutica de Reposição Hormonal - Considerações Finais

O Estradiol é o estrogênio fundamental do corpo da mulher e os seus níveis sofrem grandes alterações no decorrer do ciclo menstrual.
Numa primeira fase, a fase folicular, os níveis devem estar entre 20 e 120 pg/ml.
Na fase ovulatória, os níveis sobem bastante, encontrando-se entre 120 e 400 pg/ml.
Durante a fase luteínica, os níveis oscilam muito, podendo variar entre 60 e 260 pg/ml.
Na menstruação ou se não ocorrer gravidez, os valores descem geralmente a níveis inferiores a 50 pg/ml.
Mas, se por outro lado, houver fecundação, os níveis atinjem o seu pico e assim permanecem até que o feto esteja completamente maduro.
Chegada a altura da pré-menopausa, os valores descem consideravelmente, situando-se entre 5 e 20 pg/ml.
Sua diminuição, ainda mais acentuada, implica em importantes mudanças, como a menopausa, e por isso uma das primeiras providências a tomar é aumentar os níveis desse hormônio em seu corpo.
E no corpo da mulher transexual, que é o nosso caso, qual é a importância do Estradiol?
Total, pode-se assim dizer.
Os efeitos feminizantes desse estrogênio num corpo ainda masculinizado pode ser considerável, se tomado em doses suficientes.
O crescimento do tecido da mama, a sensibilidade ao seu redor, o alargamento do bico, o amolecimento da pele e a redução no tamanho dos testículos são alguns dos efeitos que podem ser observados.
A administração de Estradiol ou de seus ésteres também pode reduzir a incidência e o crescimento de pelos faciais e corporais, em geral, e promover uma forma do corpo mais feminina, alongada, curvilínea.
Nos casos em que os níveis de testosterona já são baixos, menores quantidades dele podem ter efeitos visíveis também.
Então, o uso de Estradiol pode, sim, possibilitar a inversão da libido e proporcionar uma ejaculação tipicamente feminina, pois ele tem efeito antiandrogênico igualmente.
O que pode variar é o prazo para isso acontecer, aliado à dose que está sendo ministrada, mas seria necessária uma quantidade enorme dele para reduzir a testosterona a níveis femininos.
Por mais que o Estradiol seja antiandrogênico, apenas ele não consegue uma boa feminilização.
Po isso é necessário fazer uso dos dois medicamentos (estrogênios e antiandrógenos) até a data da cirurgia de redesignação sexual.
Após a cirurgia, porém, apenas o Estradiol em pequena quantidade já é o suficiente.
Com a retirada dos testículos, a produção de testosterona cai drasticamente e apenas uma pequena parte será ainda produzida pela próstata; e essa parte é necessária para manter o bom funcionamento do organismo.
É claro que os efeitos do tratamento hormonal para aumentar e consolidar as características femininas em corpos masculinizados dependerão de cada pessoa, variando de intensidade, mas sempre com resultados satisfatórios, como os demonstrados a seguir.
Principais sinais clínicos e espectativas de tempo advindos da administração de hormônios femininos em organismos masculinizados (pesquisa feita por endocrinologistas através de observações clínicas):
Efeitos
Espectativa Inicial
Espectativa Máxima
Diminuição da produção de esperma
variável
variável
Disfunção sexual masculina
(a resposta peniana a estímulos visuais é parcialmente andrógeno dependente)
variável
variável
Diminuição da ereção espontânea
(ereções noturnas também são dependentes do nível de andrógenos)
1 a 3 meses
3 a 6 meses
Inversão da libido
1 a 3 meses
1 a 2 anos
Infertilidade (não reverssível)
perdas após 1 a 3 meses
1 a 2 anos
Diminuição da massa muscular (depende da não prática de exercícios físicos)
3 a 6 meses
1 a 2 anos
Diminuição do volume testicular
3 a 6 meses
2 a 3 anos
Crescimento das mamas
3 a 6 meses
2 a 3 anos
Aumento do tecido adiposo total e redistribuição da gordura corporal
3 a 6 meses
2 a 5 anos
Maciez e oleosidade da pele
3 a 6 meses
indefinida
Finura e demora no crescimento de pelos (remoção completa de pelos da face e do corpo requer eletrólise ou tratamento a laser)
6 a 12 meses
menor do que 3 anos
Assim sendo, a TRH (Terapêutica de Reposição Hormonal) consegue de fato modificar as formas faciais, corporais e a atitude sexual das pacientes, preparando a pessoa para a futura mudança sexual completa.
E essa mudança passa necessariamente primeiro pela redução dos níveis de testosterona, importante para diminuir o desejo sexual masculinizado, mudar a voz (mesmo que através de alterações emocionais) e neutralizar atitudes agressivas, proporcionando uma conduta sexual feminina e permitindo que os hormônios típicos das mulheres atuem de forma mais efetiva.
Em seguida, então, o estrogênio e a progesterona, esta importantíssima também, serão os encarregados de estimular o desenvolvimento mamário (ajudando a aumentar o tamanho dos seios), redistribuir a gordura corporal para os quadris e nádegas (modificando a aparência do quadril para irradiar um corpo com formas mais femininas, já que a gordura é redistribuída pelo corpo, localizando-se nesta área), diminuir a quantidade de pelos no rosto e corpo (mudando cor e espessura) e suavisar a pele (clareando-a e deixando-a viçosa), ou seja, fomentar todas as características tipicamente femininas.
Mas antes de iniciar a terapia hormonal para desenvolver características femininas, você deve estar completamente segura de que deseja dar esse passo, um passo tão importante, que irá alterar a sua aparência física para sempre, já que a maior parte dos efeitos se tornam irrevessíveis.
Em caso de dúvidas, melhor é começar o tratamento com supervisão médica ou, então, fazer uso desses medicamentos de forma moderada, experimentando aos poucos os seus efeitos, já que as mudanças são perceptíveis.
Acostume-se com os benefícios dos hormônios e procure ousar cada vez mais, se distanciando dos afazeres e daquele modo de vida que definitivamente não condiz com você.
Seja determinada em suas atitudes, porque não é a genitália que diz para o mundo quem somos, mas sim a nossa simples presença diante dos outros.
E para quem quer se tornar feminina sem se hormonizar tanto, aqui vai uma opinião.
Para quem sempre usufruiu de sua potência sexual, ter uma alteração bem drástica em todo o organismo talvez não seja uma boa opção.
Nesses casos recomendo que essas pessoas façam uso de cirurgias plásticas e próteses de silicone, que são duas boas opções para quem não deseja abrir mão de sua vitalidade sexual, além do uso de processos de depilação a laser ou eletrólise, que também são alguns dos recursos disponíveis muito utilizados para esses propósitos.
Entretanto, querer se hormonizar e, ao mesmo tempo, não querer inverter o apetite sexual, permanecendo com a mesma quantidade e qualidade das ereções e do processo de ejaculação... isso não existe; não há nenhum medicamento utilizado na terapia hormonal que faça isso.
Todos eles apresentam esses efeitos.
Uma feminilização parcial do corpo humano exige doses certas e uma feminilização completa, níveis hormonais próximos dos encontrados nas mulheres genéticas.
E é bom que seja assim, porque isso prova que não estamos subvertendo nenhuma norma social ou religiosa, apenas estamos seguindo a nossa natureza e consertando o que nos incomoda na vida.
Todas as pessoas têm problemas e tomam as suas providências.
Sem hormônio não podemos ser feminina, mas com ele temos uma chance na vida.

Mia Isabella


























Melissa Broliatto